sábado, 15 de dezembro de 2012

Deixa-me dizer coisas que nunca te disse.
Deixa-me dizê-las.
Não me sufoques as palavras com teus beijos!
Como se temesse ouvi-las.
Como se temesse os sons... as idas e vindas de tudo que sinto!

Quero teus beijos sim.
Quero tuas carícias.
Quero teu tato, teu teto, teu olhar,
teu riso torto e solto.
Quero o brilho dos teus olhos enquanto me fitas.
E em fitas me enfeitas
e me confundes contigo,
e te arriscas a revelar-me todas as tuas verdades
como se estivesses diante de um espelho...

Deixa-me dizer coisas que nunca te disse...
Entre o cansaço dos teus beijos,
entre o perder-se das tuas mãos neste labirinto
que é a minha alma...
nas dunas que meu corpo esconde, e,
cujo oásis encontraste o caminho!

Agora, já que não mais te perdes em mim,
deixa-me dizer coisas que nunca te disse...
Tenho medo de escuro, de trovoadas, das grandes chuvas.
O sol a pino não me revigora, não me chama pra fora
e busco incessantemente as sombras...
e para que não me perca fiz eu mesma meu alfabeto de gestos
de sons, de texturas... fiz meu universo!

Deixa-me dizer coisas que nunca te disse.
Deixa-me falar das minhas muralhas e torres internas.
Há um segredo para que todas as minhas portas se abram.
Para que não pegues o frio da noite lá fora
enquanto aqui, bem dentro, deste ser complexo que sou, te faço esperar,
e me visto de mim e te recebo com braços desnudos e lívidos de orvalho e luar.

Deixa-me dizer coisas entre as coisas que ainda não te disse...
E tu pensas saber... Pobre menino, "pensas saber"...
Nada sabes. Não te disse a palavra mágica ainda.
E teus beijos ainda não me tiraram esta lucidez tão necessária e tão minha.
Deixa-me dizer coisas que nunca te disse.
Vem... vem mais perto. Bem mais perto...
Me entrega teu "ouvir"
como darias a uma santa o teu altar...

GERSONITA PAULA





NOSSA, MINHA AMIGA NESSE ARRASOU AMEI. 

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